Em resumo, Marion Cotillard foi uma delícia, Javier Bardem transpirou entusiasmo, Daniel Day-Lewis e Tilda Swinton classe. Os Coen foram... lacónicos. Mas se há momentos que definem uma cerimónia dos Óscares, o deste ano, para o bem e para o mal, foi o da entrega da estatueta para Melhor Canção.

Era a melhor entre as nomeadas e ouvi-la na cerimónia foi um belíssimo momento, mas todos sabemos como a Academia gosta da Disney. No entanto, quando John Travolta repetiu a lista dos nomeados, o tom dos aplausos para a canção de Once não enganou e logo a seguir Hansard e Irglova subiram ao palco debaixo dos mais genuínos aplausos de toda a cerimónia.

Fiquei lixado. Um momento que estava a ser magnífico estragado pela obsessão com os 45 segundos de discurso. Será que os produtores do espectáculo não percebiam que esta forma de cortar a direito inibe os premiados de tal forma que um dia a Academia fica sem momentos memoráveis das cerimónias para mostrar nas suas tão amadas montagens? A mesma obsessão pela duração da cerimónia que, pelos vistos, fez com que Brad Renfro ficasse de fora do In Memoriam. Ou que não existisse um tributo especial a Michelangelo Antonioni e Ingmar Bergman.

[As notícias referem que foi o produtor Gil Cates a pedir para a trazerem de volta pois sempre existira a intenção de ouvi-la e a interrupção da orquestra fora um acidente: o maestro Bill Conti estava a olhar para baixo e não se apercebeu do que estava a acontecer. Para ser justo, revendo a gravação vê-se que a orquestra começou a tocar e parou uns segundos mais tarde, só que Irglova já se tinha retirado].
A Academia já mandou limpar os vídeos no YouTube, mas para quem agora tiver ficado com vontade de ver o que aconteceu, será uma questão de tempo até voltarem a ficar disponíveis.
Fair play to those who dare to dream and don't give up...