segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Último disparate de 2007

Deve ser uma das últimas pérolas do ano, descontando naturalmente todas as que ainda vão surgir durante os programas de fim-de-ano na televisão portuguesa:

Jim Carrey num dos melhores papéis da sua vida, que lhe valeu o Oscar

22h28: Spot a anunciar a exibição da Máscara na RTP

Em frente...

Sete mensagens em Dezembro podiam ser o ideal na PREMIERE, mas na Internet a vitalidade tem de ser necessariamente outra. Mesmo se este mês há a desculpa da época festiva. Ainda por cima, como vejo pela correspondência que recebo, quando a entrega de quem lê é muito mais próxima e intensa. E com o fim da revista, isso tem de ser acarinhado, tanto aqui como no Deuxieme. Por isso, resolução para 2008: escrever mais. E um pedido de desculpas para quem está à espera: haverá uma atenção especial à matéria acumulada no Consultório. BOM ANO!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Oops!... I Did It Again

Não deve ser fácil pertencer à família Spears. Numa família normal, os descarrilamentos de Britney seriam um aviso muito sério sobre como como uma pessoa pode ser afectada quando não está devidamente preparada para a fama (e alguma vez se está?). Mas numa família de idiotas, os acontecimentos sucedem-se como simples capítulos de uma gloriosa (e trágica) relação de segunda categoria com os tablóides.

Agora é a irmã, Jamie Lynn Spears, 16 anos, estrela da série Zoey 101, que está grávida. A mãe das precoces Spears, antiga professora, ia escrever um livro sobre como criar filhos, o que é um pormenor delicioso. Tal como este: os futuros pais conheceram-se na Igreja Baptista. Faz lembrar uma velha anedota nos Estados Unidos: por que razão os Baptistas não fazem sexo em pé? Porque têm medo que alguém pense que eles estão a dançar.

Jamie decidiu seguir em frente. Fica-lhe bem: embora incapaz de dar uma educação sexual, certamente que aquela família podia tratar do assunto de outra forma. Seria como deitar fora uma mala Louis Vuitton defeituosa. Mas como o tempo passa... nesta fotografia de 2002, uma era virgem e a outra queria convencer-nos que ainda era.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Lost in Translation, as palavras da despedida

Foi um dos grandes mistérios no início de 2004. Recordam-se? Bill Murray encontra Scarlett Johansson pela última vez numa rua de Tóquio, quando ele já ia a caminho do aeroporto. Despedem-se e então ele diz-lhe umas palavras ao ouvido. Nós só conseguimos perceber o fim: OK.

O final de Lost in Translation — O Amor É Um Lugar Estranho deu origem a grandes e apaixonados debates entre os cinéfilos. Este vídeo (obrigado ao camarada que mo enviou) pode ter finalmente desvendado a solução. Imagino que quem estiver a ler isto vai ter o mesmo dilema que eu tive: carrego no "play" ou continuo a deixar o que foi pronunciado à imaginação?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Assim o filme chega mais longe...

Vi pela primeira vez o trailer do Call Girl, o novo filme de António-Pedro Vasconcelos que estreia perto do fim do ano. A certa altura, a personagem interpretada por Soraia Chaves confessa a um atrapalhado Nicolau Breyner que está sem cuecas. Mas o que deve convencer as pessoas que isto não é mais um "filme português" está guardado para perto do fim, quando o Ivo Canelas diz "Pensava que as putas não beijavam na boca", ao que a Soraia responde "Há sempre um cabrão que nos obriga a fugir à regra".

Resta dizer que vi isto na ante-estreia na quarta-feira do Bússola Dourada às 7 da noite, na maior sala do Colombo. Como sabem, o vosso Mestre não é dado a grandes moralismos, mas ainda assim achou um pouco pesado mostrar isto (que podem ver em baixo) a uma sala cheia de miúdos pequenos...

sábado, 8 de dezembro de 2007

Dar o corpo ao manifesto

Elas Não me Largam tem uma boa ideia: um rapaz de 10 anos recusa dar um linguado a uma rapariga gótica e é amaldiçoado por esta: todas as mulheres que ele namorar (ou fizer sexo) vão encontrar a seguir o homem da sua vida. Quando isto começa a constar, todas as mulheres atiram-se a ele com esperança que ele produza realmente esse efeito nas suas vidas.

Infelizmente, isto descamba numa sitcom, no pior dos sentidos, e depois dos primeiros 25-30 minutos, é sempre a cair. Esperava um pouco mais da imaginação que deu bons resultados no poster. Também não ajuda que Jessica Alba seja, de facto, uma actriz... como é que hei-de dizer... com talentos limitados. Já o seu companheiro, Dane Cook, "esforça-se" mais. Muito mais. Daí resulta o melhor momento do filme, quando, depois do choque inicial, a sua personagem, um dentista, decide tirar partido da situação. A cena (muito gráfica e pouco habitual no cinema americano mainstream) é de antologia, mas ainda assim é capaz de não justificar o investimento no bilhete, principalmente se a pudermos ver por exemplo aqui...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Katherine Heigl não percebeu o "Knocked Up"

Tenho uma simpatia especial pela Katherine Heigl. Não tanto como pela Jennifer Garner pré-Ben Affleck, mas achava que a rapariga tinha futuro. Depois de ler parte da sua entrevista à Vanity Fair de Janeiro, já não tenho tanta certeza.

A certa altura, ela diz que acha o Knocked Up um "bocado sexista" e acrescenta algo fantástico: It paints the women as shrews, as humorless and uptight, and it paints the men as lovable, goofy, fun-loving guys. It was hard for me to love the movie.

Há aqui alguma coisa que não está bem. Não é só por ela estar a desprezar seis meses depois um filme que a transformou numa estrela de cinema com direito a ofertas de seis milhões de dólares e entrevistas em revistas de prestígio com fotografias de natureza mais cinematográfica, por oposição a outras mais quentes que ela tirou no tempo de Roswell, quando tinha que fazer pela vida. Ou por ter aceite fazer algo que, afinal, parece que vai contra os seus princípios (e já agora, será que ela não tem o mesmo tipo de problemas com o Anatomia de Grey)?

Não, o que achei incrível foi que ela e eu parece que vimos filmes completamente diferentes. No "meu" Knocked Up, as mulheres eram representadas como as únicas pessoas que eram adultas responsáveis, enquanto os homens eram todos mais ou menos retardados, que queriam fazer um site sobre actrizes de cinema nuas e cuja grande ambição na vida era estarem pedrados o dia todo. Se estamos a falar de estereótipos, qual será o pior?

Como é que Katherine Heigl não percebeu isto? E todo o subcontexto da história? Ela era a protagonista: só leu o argumento, discutiu-o com o realizador, interpretou-o os outros actores, viu depois o produto final e conheceu as opiniões das pessoas sobre ele. Será que o desabafo foi por se ter apercebido, ao fim deste tempo todo, que o filme não era realmente sobre ela? Seja qual for a resposta, ela não diz muito sobre o instinto de Heigl como actriz...

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Algo vai mal para os lados de Alvalade

... e não estou a pensar no actual momento desportivo vivido pela equipa do Sporting. Tudo começou com um desabafo que veio no Correio da Manhã e que, com excepção de alguma blogosfera, passou relativamente despercebido. No meu caso, preferi deixar passar alguns dias para ver o que acontecia. Mas como as elites culturais só lêem o Público e o Jornal de Letras, e um desmentido surgiu dias depois, o assunto acabou abafado.

Ainda assim, vale a pena voltar a ele: quando fecharam os cinemas Quarteto, o realizador Fernando Lopes disse que também iam acabar as salas do King. O espaço já teria sido vendido para a construção de garagens do Hotel Lutécia.

Assim, sem mais nem menos. Esta informação foi, como disse, desmentida. O que, em Portugal, quer dizer que podemos esperar desenvolvimentos sobre o caso nos próximos 6-12 meses.

Ao contrário do Quarteto, o fim do King seria uma grande tragédia, pelo menos para mim. Por todos os motivos e agora mais este: Promessas Perigosas, seguramente um dos últimos grandes filmes a estrear em 2007 (estou só à espera de ver se posso dizer o mesmo do Redacted do Brian De Palma), não estreou no Alvaláxia. Ao contrário do Hitman - Agente 47, a enésima adaptação de um jogo de computador que não consegue disfarçar a sua origem e é mais um para a minha lista dos piores do ano.

O que significa isto? Convém recordar que aquele multiplex conquistou muitas pessoas que queriam ir ver mais filmes graças ao Medeia Card. E com 16 salas, elas eram atraídos por uma programação equilibrada que tanto dava para contentar os frequentadores de um King ou Monumental (salvo as pipocas!) como a população "Lusomundo" (é um eufemismo, bem sei, mas assim toda a gente sabe do que estou a falar: a malta, de todas as idades, que está a ver um filme ao mesmo tempo que come ruidosamente as pipocas, vai à casa de banho passando à frente do ecrã, "esquece-se" de desligar o telemóvel e comenta tudo o que se está a passar com o(a) parceiro(a) do lado). Era um bom compromisso e atraiu principalmente pessoas em busca de BOM cinema.

Entretanto, o proprietário (Paulo Branco) encheu-se de dívidas e depois de um atribulado processo, a Lusomundo está a explorar as salas desde Novembro, que agora se chamam "Lusomundo Alvalade". Ora, ao optar por ter o Hitman em vez do Promessas Perigosas (que até está, de todos os sítios possíveis, no Colombo e Vasco da Gama!), a gerência do Alvalade está a aplicar sem apelo nem agravo o modelo mais básico da programação Lusomundo. E a indicar o tipo de espectadores que quer ter, desprezando aqueles que contribuiram para que aquelas salas não fechassem ao fim de um ano.

Se acabassem os King, chegaríamos a um ponto em que as salas do Monumental e parcialmente do UCI seriam as únicas alternativas às programações indiferentes de um Alvalade, Colombo, Campo Pequeno, Londres, Twin Towers ou Vasco da Gama. Não é um panorama que dê grande confiança...