quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Também há boas edições (portuguesas) em DVD

Pelo menos uma vez por ano sou obrigado a fazer comentários menos agradáveis sobre os DVDs da Lusomundo. Como devem estar a adivinhar, costuma ser quando, depois de muitos adiamentos, aparecem as edições do Perdidos ou do Donas de Casa Desesperadas, pois não há maneira de acertarem de uma vez por todas com as de lá de fora.

Para mostrar que não retiro nenhum prazer destas críticas (pelo contrário, fico é muito mal disposto quando começo a pensar nos milhares de consumidores que, desprevenidos, compraram a primeira temporada do Lost sem os extras), também é justo deixar o elogio quando surge a oportunidade para isso. Desde Julho que ando para falar das edições que chegaram à minha cripta de A Prairie Home Companion, Babel, Paris Je T´Aime (todos com dois discos) e A Ciência dos Sonhos. Desde a embalagem aos conteúdos, devidamente legendados em português, parece que estas coisas começam finalmente a ser (mais) pensadas para aqueles lados. Uma palavra mais especial para a edição do último filme de Robert Altman, pois existiu o cuidado de a valorizar com a inclusão de um livrete com depoimentos de vários críticos portugueses e de legendar aquele que é o último comentário áudio do realizador, que se despede com um ‘até ao próximo filme’.

O meu amigo Luís Salvado disse-me que a edição especial portuguesa para O Labirinto do Fauno também é um primor. Com um comentário áudio fascinante de Guillermo del Toro em castelhano. Apesar dos responsáveis do sector estarem sempre a queixar-se da pirataria, parece que estas edições não demoram a esgotar, demonstrando que, afinal, existe mercado para rentabilizar estes produtos mais ‘artísticos’. Só é preciso um pouco mais de trabalho e talento.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A PREMIERE acaba... só em papel

A "novidade" chegou numa segunda-feira, quando o José Vieira Mendes telefona-me a avisar que a Premiere ia ser "descontinuada". Deve ser um termo para os novos tempos porque antigamente usava-se outro: FECHADA. Se tudo correu como previsto, hoje o número 96 da Premiere deve estar todo feito. E acabou-se: Portugal fica sem a sua única revista nacional sobre cinema.

Parece que não houve tempo para preparar nada especial para a despedida. Como é que se acaba com um projecto que estava longe de ser um fracasso ou uma ruína financeira? No meio de tamanha estupidez neste processo, até houve sorte numa coisa: há revistas que são preparadas normalmente e só depois é dito a quem as faz para arrumar a trouxa.

A redacção já tinha recebido os meus Dias de Criswell. Lá andei a rever os textos, cortando aqui e ali (e um dia acabou mesmo por saltar), pedindo ao Tiago Moleiro, o artista gráfico para os bons e maus momentos, para encolher as fotografias. Tudo para ter espaço para escrever o derradeiro Dia de Criswell.


Só que entretanto fui lendo as reacções de choque de vários leitores no blogue da Premiere. Não é impressionante ver tantos que guardam a revista desde o primeiro número? E conversei com algumas pessoas. E acho que todos percebemos que não só faz sentido que apareça outro projecto em que esta equipa possa trabalhar com a mesma paixão, como o blogue deve continuar. Com a certeza que todo o público que provou desde 1999 que podia existir uma revista específica sobre cinema não será traído pelos caprichos dos agentes económicos.

E os leitores que enviaram as suas perguntas para o Consultório e iam ficar sem resposta? Esta semana de choque mostrou que também o Dias de Criswell e o seu consultório têm que continuar... on line (onde, para ser sincero, já deviam estar há muito tempo). Na revista, os Dias eram sete ou oito. Como vão correr por aqui é um mistério. Mas também um belo desafio.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Última Dia de Criswell



Já com esta coluna encerrada, recebo a notícia de que este será último número da PREMIERE, a única revista que existe a nível nacional sobre cinema. É um dia muito triste, mesmo sabendo que a equipa lutou vários anos contra a falta de condições e respeito de quem mandava. E sofria, por exemplo, por não poder oferecer mais aos seus leitores, muitos deles coleccionadores desde o número 1. Acreditem, ninguém percebe como se fecha com tanta descontracção uma publicação com custos controlados, vendas estáveis e receitas publicitárias a duplicar nos últimos meses. Não pode ficar um vazio. Espero que surjam condições para um novo projecto que aproveite a paixão desta equipa. Até lá, vai continuar o blogue. E não se livram de mim tão cedo...