quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

As empadas de "Sweeney Todd"


Há um motivo suplementar e que nada tem a ver com cinema para ficarmos todos contentes por ter estreado nas salas portuguesas o Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street. Ao observar as deficientes condições de higiene em que Mrs. Lovett (Helena Bonham Carter) fabrica as suas primeiras empadas de carne ("as piores de Londres", como ela canta a certa altura), e a origem da carne que "Mr. T" (Johnny Depp) lhe fornece posteriormente e que tornam o negócio um sucesso, fiquei com medo que o filme fosse proibido pela ASAE.

sábado, 26 de janeiro de 2008

A RTP vai passar o filme dos cowboys gays

Dentro de momentos a RTP-1 vai começar a passar O Segredo de Brokeback Mountain. As tragédias têm destas coisas e por maior que seja a tristeza, não há que criticar o canal por capitalizar com o natural interesse das pessoas pelo Heath Ledger depois da sua morte. Basta ir ver a lista dos filmes mais pedidos nos últimos dias na Amazon para ter uma ideia. É uma questão de oportunidade e pena tenho eu que a SIC ou a TVI não tenham aproveitado para voltar a transmitir o 10 Coisas Que Odeio em Ti, na minha humilde opinião uma das mais inspiradas comédias teen vindas de Hollywood, ou o Coração de Cavaleiro, a delirante aventura medieval ao som dos Queen.

Mas o spot publicitário a anunciar a exibição do filme realizado por Ang Lee é incrível: com excepção da cena em que Ennis Del Mar está agarrado à camisa de Jack Twist, só mostra imagens de Heath Ledger e Jake Gyllenhaal aos beijos ou a trocarem carícias. Literalmente um bocado de todos esses momentos. Mais nada.

Quem conhece Brokeback Mountain sabe que estas cenas são breves e a relação entre as personagens é precisamente a de um amor nunca concretizado. A de uma hipótese de felicidade que se deixa fugir. Mas claro que quem nunca o tenha visto, olha para o anúncio da RTO e fica a pensar: o filme deve ser só isto. E foge a sete pés. Até porque, no canal ao lado, está a dar o excelente De Tanto Bater o Meu Coração Parou.

Esta manipulação não tem nada de inocente. E é estranho que numa estação com tantos profissionais inteligentes, alguém não tenha achado esta promoção esquisita. Espero que algumas pessoas, mesmo assim, resistam à sugestão implícita das imagens e dêem uma oportunidade ao filme. Mas também vos digo: ainda bem que os responsáveis da Focus Features não tinham um tipo destes a tratar do trailer do Brokeback Mountain há dois anos! Seria um desastre. Lembram-se como era?...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

I´m Not There

Era suposto fazer um comentário sobre as nomeações dos Oscares. Em como fiquei eufórico com as nomeações que Juno conseguiu. E por se terem lembrado do Tommy Lee Jones e da Laura Linney.

Mas estou triste. É verdade que se trata da morte de um estranho. Mas estou arrasado. Será que voltámos aos seventies? Deverei juntar os suspeitos do costume e avaliar as probabilidades de morrerem nos próximos tempos? Como é que é possível voltar a ler tão depressa mais um obituário de alguém cuja carreira vimos crescer e estava cheia de promessa?

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

The George Clooney Show

As nomeações para os Oscars que se vão conhecer dentro de algumas horas vão tornar alguns media insuportáveis nas próximas semanas. A mesa-redonda dos Oscars promovida pela revista Newsweek acaba por ser dos momentos mais interessantes, quanto mais não seja porque é uma oportunidade para ouvir o sempre esquivo Daniel Day-Lewis. Este ano, por causa das pausas (e alguma bajulação), o encontro ficava melhor em texto do que em vídeo (apesar de James McAvoy safar muitos momentos), pois realmente é um estranho grupo de convidados: a Lewis e McAVoy juntaram-se George Clooney, Angelina Jolie, Marion Cotillard e a deliciosa Ellen Page.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Jornalismo de prevenção

Em Portugal, não existe a tradição, mas lá fora há jornalistas que só fazem obituários. Aliás, o Jude Law era um deles no Perto Demais. Quando é bem feito, é uma área nobre do jornalismo. Mas a arte de prever a imprevisibilidade da morte tem fases como esta em que uma pessoa nem sabe bem o que pensar.

domingo, 20 de janeiro de 2008

O bater do tambor

Esta curta-metragem britânica feita por Lenka Clayton e James Price já foi vista por mais de 350 mil pessoas, mas pode ser que ainda seja inédito para alguns dos meus leitores. Do 1 ao 100, várias formas de bater no tambor, várias fases da vida.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Déjà Vu

Entre todas estas notícias malucas sobre Tom Cruise ou as irmãs Spears, gostava de fazer uma pausa. Foi um grande choque saber da morte do Brad Renfro. Mesmo conhecendo os seus problemas dos últimos 10 anos.

Quero evitar cair na banalidade destes momentos, mas se calhar não vou conseguir. O tempo dá-nos um distanciamento em relação ao impacto que terá sido o desaparecimento, por exemplo, de James Dean em 1955. Daí que, ao ver a notícia na quarta-feira de manhã, tenha pensado principalmente no que aconteceu a River Phoenix em 1994. Não tanto por terem em comum um imenso e precoce talento, os mesmos demónios pessoais, as mesmas mortes perfeitamente (?) evitáveis (pronto, já estou a resvalar para o cliché). E fugirem dos "filmes bonitos para adolescentes". Ou terem sido alvo das paixonetas das adolescentes da sua geração. Nem mesmo por, uma vez mais, nós, que os vimos crescer de filme para filme, ficarmos com aquela sensação de enorme desperdício, de frustração ou revolta pelo talento, pela promessa que se perdeu. E a pergunta do costume: onde estava a família? E os "amigos"?

Não, o que me chocou no caso de Phoenix e agora de Renfro foi ver partir dois actores que representavam com uma naturalidade incrível. Não existia nenhum artifício nas emoções que nos transmitiam. Vejam o Conta Comigo ou o Fuga sem Fim. O Sleepers (era a personagem de Brad Pitt em jovem), Laços de Amizade ou Mentir na América. O seu talento era de uma pureza e sensibilidade desarmantes. No meio de tantos filmes a mostrar os adolescentes como palermas, a vulnerabilidade que eles davam às suas personagens, o retrato de uma certa juventude inadaptada, era profundamente real. Ainda haverá isso na geração iPod?

Tal como aconteceu com Phoenix, a partir de agora nunca mais iremos ver os filmes de Brad Renfro da mesma forma. Não será apenas aquele miúdo de 11 anos a responder taco-a-taco e a roubar cenas em O Cliente a Tommy Lee Jones e Susan Sarandon (a quem perto do fim da rodagem já dava sugestões de representação!). E que foi descoberto depois de fazer um casting que era suposto durar 10 ou 15 minutos e se prolongou por uma hora: a cassete foi vista por Joel Schumacher, que ficou impressionado pela maturidade e tristeza dos seus olhos. Mais tarde, quando conheceu o vice-presidente dos estúdios Warner, Renfro perguntou-lhe se era um fã do grupo Megadeth, cuja t-shirt o jovem estava a usar. Ele respondeu-lhe que sim e logo a seguir veio a réplica implacável: Não acho que você alguma vez tenha ouvido falar dos Megadeth. Acho que você é um daqueles adultos que dizem que gostam da mesma música que um miúdo para que nós gostemos mais si. Bem, não gostamos.

Referi o Laços de Amizade, que conta a história de um rapaz que descobre ter como vizinho outro jovem (o Joseph Mazzello do Parque Jurássico) que contraiu o vírus da SIDA e vive marginalizado e numa total solidão. Tornam-se amigos e, com o agravar da doença, decidem partir à procura de uma cura. O filme tem coisas um pouco óbvias e abusa um pouco das boas intenções (é preciso ver que foi feito em 1995, apenas dois anos depois do Filadélfia), mas os defeitos que lhe podemos apontar são redimidos, e de que maneira, pelas interpretações de Renfro, Mazzelo e Anabella Sciorra. Em pesquisas no YouTube, descobri que o filme está todo disponível. Vale a pena. E já agora, vejam este extra do DVD.

Curiosamente, o seu melhor papel nada tem a ver com o que escrevi mais atrás. Esse teria de ser o do filme Apt Pupil/Sob Chantagem, em que era um rapaz obcecado com os nazis que descobre que o seu gentil vizinho (Ian McKellen) era afinal um criminoso de guerra. Desta vez ele não era apenas um mero adolescente problemático. O que revelava, confirmando a marca de um grande actor, era algo mais perturbador e doentio, mesmo demoníaco. E McKellen partilhou gentis palavras e memórias no seu blogue. Muito sentido.

Esta cena em baixo, em que a personagem de McKellen veste pela primeira vez em décadas um simbólico uniforme, mostra como Brad Renfro (a rodagem terminou a 4 de Abril de 1997, ele nem tinha feito 15 anos!), se revelava mais do que à altura neste jogo de manipulação mútua que era o filme de Bryan Singer...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Tom Cruise pode salvar-nos. A sério.

Suponho que a grande excitação por estes dias sejam as tentativas desesperadas dos responsáveis da Igreja da Cientologia para remover da Internet um vídeo para uso interno que mostra Tom Cruise a falar da seita/religião com aquele brilho nos olhos apenas ao alcance dos fanáticos. O que, naturalmente, apenas piorou a situação. Agora está em todo o lado.

Para quem quiser apanhar um susto, este vídeo ainda deve estar a funcionar no YouTube. Convém ter algumas noções prévias: isto não é um extra do DVD do Missão Impossível, "KSW" significa "Keep Scientology Working", "SP" é "Suppressive Persons" e "PTS" "Potential Trouble Source". "SP" e "PTS" são referências a pessoas que não gostam da Cientologia. Podem completar o curso sobre ser "autoridades da mente" e outras coisas com o que está disponível aqui.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Ensaio para a conferência de imprensa dos Oscars?

O que aconteceu esta madrugada com os Globos de Ouro deve ter definitivamente esclarecido as pessoas que não percebem a razão para os Oscars durarem quase quatro horas. Ou por que razão isso tem de ser assim. De facto, qualquer das cerimónias é uma festa disfarçada de celebração de cinema e não o contrário. O que acontece quando ninguém aparece numa festa? O que sobra quando não há o tapete vermelho, estrelas de cinema, vestidos e patéticos discursos, aplausos ou imagens dos filmes?

Meia-hora. Esse foi o tempo que os apresentadores ligados aos maiores programas de entretenimento precisaram para anunciar os premiados deste ano da Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood. Que se mexiam como se fossem extras do Stepford Wives. Justiça seja feita à Liliana Neves do AXN: ela não ficava a destoar. This just feels different, a sua surpresa por estarem no palco a dizer and the Golden Globe goes to e outras banalidades do género, bem como algumas piadas secas, tornaram ainda mais óbvio como os argumentistas fazem falta a estes espectáculos. Para além dos filmes e séries.



Aquela meia-hora funerária transmitida pela CNN, BBC e Sky News foi um espectáculo deprimente. Sem o glamour de Hollywood, os Globos nada valem. São apenas uma recitação de nomes. Tornam-se um caso de "o rei vai nu". Lembrem-se do que aconteceu esta madrugada da próxima vez que acharem que a cerimónia dos Oscars se está a esticar...

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A Grande Mentira

Consta por aí que os Globos de Ouro foram cancelados porque a cerimónia ia ficar às moscas uma vez que os actores não iam atravessar os piquetes de greve dos argumentistas.

Mas isso foi apenas para disfarçar. Sei de fonte segura que a organização finalmente viu a gravação legendada da cobertura que o AXN fez o ano passado e quis evitar que Liliana Neves voltasse a fazer das suas.

Pessoalmente, acho que lhe fizeram uma maldade. Tendo em conta como aquilo correu, ela só podia melhorar. Mas como poderemos testemunhar a sua progressão se não lhe derem cerimónias de três horas para ela ir treinando?

Os leitores que queiram expressar a sua simpatia para com a apresentadora podem fazê-lo através do seu site, disponível em três línguas: inglês, espanhol (ela queria dizer castelhano) e português.

domingo, 6 de janeiro de 2008

À consideração da RTP

Jim Carrey num dos melhores papéis da sua vida, que lhe valeu o Oscar


Depois do anúncio da RTP na noite de fim-de-ano, e inspirado pela desabafo da nossa leitora Leila Gato, acho que devemos ver a latitude que a RTP encontrou para os Oscars por um lado mais positivo e aproveitá-la para mostrar outros actores sob uma nova perspectiva. Imaginem os anúncios...

Pearl Harbor
Josh Hartnett num dos melhores papéis da sua vida, que lhe valeu o Oscar


O Senhor dos Anéis
Orlando Bloom num dos melhores papéis da sua vida, que lhe valeu o Oscar


Matrix
Keanu Reeves num dos melhores papéis da sua vida, que lhe valeu o Oscar


O Resgate do Soldado Ryan
Vin Diesel num dos melhores papéis da sua vida, que lhe valeu o Oscar


Evita
Madonna num dos melhores papéis da sua vida, que lhe valeu o Oscar


Ghost - O Espírito do Amor
Demi Moore num dos melhores papéis da sua vida, que lhe valeu o Oscar


Uma adaptação:

A Força em Alerta
Steven Seagal num dos melhores papéis da sua vida, que lhe valeu a nomeação ao Oscar


E claro, é impossível esquecer:

Fanny Girl - Uma Rapariga Endiabrada
Barbra Streisand num dos melhores papéis da sua vida, que lhe valeu o Oscar

sábado, 5 de janeiro de 2008

Consultório__ 6

Leila Gato (via Internet): Ao ver e ouvir o anúncio [sobre A Máscara], vi-me obrigada a ir a essa mina de conhecimentos cinematográficos que é o IMDB, porque eu tinha a certeza que o Jim Carrey (ainda) não tinha nenhum Oscar. Alguns globos, mas Oscares não... de facto o filme venceu um ('efeitos' claro) e tudo bem não interessa qual é a categoria, a vitória é de todos" mas não me pareceu ser bem isso que o anúncio dava a entender. Se calhar os senhores que organizaram o spot pensaram "eles nem se vão aperceber, isto também é para passar depois dos Gato...". Mau, mau foi fazer zapping pelos restantes canais...

Já a RTP 2 passou
As pontes de Madison County pouco depois das 21h00... ainda não foi desta que o consegui ver.

Diz-me a Leila: Mau, mau foi fazer zapping pelos restantes canais na noite de fim-de-ano. Pois é, terá então ficado tão surpreendida (ou não) como eu ao ler uns dias depois que a ideia genial de pegar em todo aquele revivalismo dos anos 80 de que tantas vezes falei e se vê nas discotecas ou nas vendas em DVD e fazer a passagem do ano de 1984 para 85 foi vista em média por quase 890 mil telespectadores, enquanto o Dançado e Cantando por um Casamento de Sonho na TVI tinha quase um milhão?

Será que a Leila, como eu, às vezes dá consigo a pensar se vive num outro país, pois não conhece ninguém que admita ver os programas que sistematicamente estão no top da televisão portuguesa?





Ah, grande Sabrina! Já nem me lembro da última vez que tinha gravado um réveillon da TV...

Mudando de assunto, apesar de achar quase imperdoável ainda não ter visto As Pontes de Madison County, que deve ser um dos últimos grandes melodramas que se fizeram lá para os lados de Hollywood, a Leila está perdoada porque me deu uma ideia...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Coloque-se em posição de castigo, dr. Jones

Claro que se trata apenas de uma suposição, mas a avaliar por esta nova fotografia do Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull, acho que a personagem da Cate Blanchett também deve saber usar um chicote.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Não digam a ninguém

Por esta altura, é incontornável fazer o balanço do ano cinéfilo que agora termina. Proponho uma pequena variação à tradição dos TOPs dos melhores filmes. Este que vos deixo é composto por filmes, uns interessantes, outros bons, alguns excelentes, mas todos com algo de único. Uns foram tratados às três pancadas pelas distribuidoras, outros ignorados ou vergastados pela crítica. E ninguém os foi ver às salas de cinema.

Os Melhores Filmes de 2007
(que (quase) ninguém viu)(1)

(1) Estimativas finais de CRISWELL baseadas nas tabelas de bilheteira disponibilizadas pelo ICAM ao longo do ano. Os valores definitivos podem variar ligeiramente.


ALPHA DOG (25 mil espectadores)



O BOM ALEMÃO (15 mil espectadores)



BUG (8 mil espectadores)



AS CANÇÕES DE AMOR (8 mil espectadores)



CAPITÃO ALATRISTE (7 mil espectadores)



THE FOUNTAIN - O ÚLTIMO CAPÍTULO (10 mil espectadores)



THE HOST - A CRIATURA (15 mil espectadores)



HOT FUZZ - ESQUADRÃO DE PROVÍNCIA (10 mil espectadores)



INIMIGOS DO IMPÉRIO (5 mil espectadores)



INLAND EMPIRE (12 mil espectadores)



MYSTERIOUS SKIN - PELE MISTERIOSA (5 mil espectadores)



NÃO DIGAS A NINGUÉM (17 mil espectadores)



PARANOID PARK (10 mil espectadores)



PLANETA TERROR (15 mil espectadores)



QUEBRA DE CONFIANÇA (25 mil espectadores)



A RAPARIGA MORTA (15 mil espectadores)



RESCUE DAWN - ESPÍRITO INDOMÁVEL (12 mil espectadores)



O SEGREDO DE TERABÍTIA (30 mil espectadores)



SHOOT`EM UP - ATIRAR A MATAR (25 mil espectadores)



SUNSHINE - MISSÃO SOLAR (25 mil espectadores)



AS VIDAS DOS OUTROS (15 mil espectadores)



VIGILANTE (7 mil espectadores)