terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Algo vai mal para os lados de Alvalade

... e não estou a pensar no actual momento desportivo vivido pela equipa do Sporting. Tudo começou com um desabafo que veio no Correio da Manhã e que, com excepção de alguma blogosfera, passou relativamente despercebido. No meu caso, preferi deixar passar alguns dias para ver o que acontecia. Mas como as elites culturais só lêem o Público e o Jornal de Letras, e um desmentido surgiu dias depois, o assunto acabou abafado.

Ainda assim, vale a pena voltar a ele: quando fecharam os cinemas Quarteto, o realizador Fernando Lopes disse que também iam acabar as salas do King. O espaço já teria sido vendido para a construção de garagens do Hotel Lutécia.

Assim, sem mais nem menos. Esta informação foi, como disse, desmentida. O que, em Portugal, quer dizer que podemos esperar desenvolvimentos sobre o caso nos próximos 6-12 meses.

Ao contrário do Quarteto, o fim do King seria uma grande tragédia, pelo menos para mim. Por todos os motivos e agora mais este: Promessas Perigosas, seguramente um dos últimos grandes filmes a estrear em 2007 (estou só à espera de ver se posso dizer o mesmo do Redacted do Brian De Palma), não estreou no Alvaláxia. Ao contrário do Hitman - Agente 47, a enésima adaptação de um jogo de computador que não consegue disfarçar a sua origem e é mais um para a minha lista dos piores do ano.

O que significa isto? Convém recordar que aquele multiplex conquistou muitas pessoas que queriam ir ver mais filmes graças ao Medeia Card. E com 16 salas, elas eram atraídos por uma programação equilibrada que tanto dava para contentar os frequentadores de um King ou Monumental (salvo as pipocas!) como a população "Lusomundo" (é um eufemismo, bem sei, mas assim toda a gente sabe do que estou a falar: a malta, de todas as idades, que está a ver um filme ao mesmo tempo que come ruidosamente as pipocas, vai à casa de banho passando à frente do ecrã, "esquece-se" de desligar o telemóvel e comenta tudo o que se está a passar com o(a) parceiro(a) do lado). Era um bom compromisso e atraiu principalmente pessoas em busca de BOM cinema.

Entretanto, o proprietário (Paulo Branco) encheu-se de dívidas e depois de um atribulado processo, a Lusomundo está a explorar as salas desde Novembro, que agora se chamam "Lusomundo Alvalade". Ora, ao optar por ter o Hitman em vez do Promessas Perigosas (que até está, de todos os sítios possíveis, no Colombo e Vasco da Gama!), a gerência do Alvalade está a aplicar sem apelo nem agravo o modelo mais básico da programação Lusomundo. E a indicar o tipo de espectadores que quer ter, desprezando aqueles que contribuiram para que aquelas salas não fechassem ao fim de um ano.

Se acabassem os King, chegaríamos a um ponto em que as salas do Monumental e parcialmente do UCI seriam as únicas alternativas às programações indiferentes de um Alvalade, Colombo, Campo Pequeno, Londres, Twin Towers ou Vasco da Gama. Não é um panorama que dê grande confiança...

Sem comentários: