sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A PREMIERE acaba... só em papel

A "novidade" chegou numa segunda-feira, quando o José Vieira Mendes telefona-me a avisar que a Premiere ia ser "descontinuada". Deve ser um termo para os novos tempos porque antigamente usava-se outro: FECHADA. Se tudo correu como previsto, hoje o número 96 da Premiere deve estar todo feito. E acabou-se: Portugal fica sem a sua única revista nacional sobre cinema.

Parece que não houve tempo para preparar nada especial para a despedida. Como é que se acaba com um projecto que estava longe de ser um fracasso ou uma ruína financeira? No meio de tamanha estupidez neste processo, até houve sorte numa coisa: há revistas que são preparadas normalmente e só depois é dito a quem as faz para arrumar a trouxa.

A redacção já tinha recebido os meus Dias de Criswell. Lá andei a rever os textos, cortando aqui e ali (e um dia acabou mesmo por saltar), pedindo ao Tiago Moleiro, o artista gráfico para os bons e maus momentos, para encolher as fotografias. Tudo para ter espaço para escrever o derradeiro Dia de Criswell.


Só que entretanto fui lendo as reacções de choque de vários leitores no blogue da Premiere. Não é impressionante ver tantos que guardam a revista desde o primeiro número? E conversei com algumas pessoas. E acho que todos percebemos que não só faz sentido que apareça outro projecto em que esta equipa possa trabalhar com a mesma paixão, como o blogue deve continuar. Com a certeza que todo o público que provou desde 1999 que podia existir uma revista específica sobre cinema não será traído pelos caprichos dos agentes económicos.

E os leitores que enviaram as suas perguntas para o Consultório e iam ficar sem resposta? Esta semana de choque mostrou que também o Dias de Criswell e o seu consultório têm que continuar... on line (onde, para ser sincero, já deviam estar há muito tempo). Na revista, os Dias eram sete ou oito. Como vão correr por aqui é um mistério. Mas também um belo desafio.

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