domingo, 7 de outubro de 2007

Consultório__ 1

Raquel Evangelina (via Internet): Esta semana no Jornal de Notícias vinha a informação da saída do grupo Hachette do país e com a saída a extinção da revista PREMIERE. É verdade? Na minha opinião acho um erro até porque fora a PREMIERE não há revista que dê destaque ao cinema, a maior parte faz um destaque maior quando se trata de um blockbuster e pouco mais que isso de resto todas as revistas dão mais destaque à vida pessoal dos actores do que propriamente aos filmes... Se vai realmente acabar a revista acho uma pena... Para cinema não há revista como a PREMIERE e para cinéfilos como eu é uma desilusão...

Parece-me apropriado começar o primeiro "Consultório" virtual com a última carta que me escreveram recebida pelo mail da PREMIERE. Por esta altura a Raquel já terá a revista e confirmou com os seus próprios olhos o que aconteceu. Um sinal de esperança: o blogue da Premiere vai continuar e de certeza será um espaço de referência para quem navega pela Internet e gosta de cinema. Leia a declaração de intenções da equipa.

Já não há muito mais a dizer. A revista tinha custos baixos (no que diz respeito às despesas com a redacção, colaboradores), houve alterações no departamento de marketing (acabou-se com a oferta daqueles perfumes a quem assinasse a revista, substituindo-os pelos mais apropriados DVDs) e as receitas de publicidade estavam a duplicar todos os meses.

Também a tiragem estava consolidada, embora longe dos irrealistas 60 mil que o Grupo desejava desde 1999 (neste momento, só as revistas que falam bastante do mercado cor-de-rosa conseguem esses números). Imprimir 18 mil exemplares e vender 17 mil é óptimo. Principalmente se pensarmos que a revista era mal distribuída em muitos pontos do país, com os leitores a fazerem autênticas operações de busca para conseguir o seu exemplar. Além disso, os assinantes, que deviam ser os mais acarinhados, eram tratados abaixo de cão.

Lembram-se de me perguntar por que razão a PREMIERE não oferecia posters ou DVDs com trailers? A Hachette nunca teve interesse em angariar investimento que permitisse concretizar essas iniciativas. Para eles, o que interessava era vender as páginas de publicidade e enfiar lá no meio umas tantas sobre cinema. Se dependesse deles, era tudo traduzido da espanhola Fotogramas. Contaram-me que a PREMIERE teve a primeira oportunidade de participar na divulgação do Senhor dos Anéis antes da estreia da Irmandade do Anel: a LNK oferecia um CD exclusivo (ou DVD, não tenho a certeza), mas o departamento de marketing rejeitou a proposta porque ainda queria ser (bem) pago para avançar. Uma completa falta de visão estratégica, se pensarmos no terramoto cinematográfico que aconteceria poucos meses depois.

Se querem que vos diga, acho que foi um milagre a PREMIERE ter aguentado tanto tempo com este tipo de "gestão".

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